domingo, 27 de outubro de 2013

A Intercessão dos Santos - Parte II

Continuamos refletindo sobre algumas outras objeções a intercessão dos santos:

3a objeção: os santos não podem ouvir as orações dos que estão na terra porque não são oniscientes e nem onipresentes
    São Paulo nos ensina que a Igreja é o corpo de Cristo. Desta forma, os que estão unidos a Cristo através de seu ingresso na Igreja, são membros do Seu corpo. Isso quer dizer que tantos nós que estamos na terra, quanto os que já morreram na amizade do Senhor, todos somos membros do Corpo Místico de Cristo, onde Ele é a cabeça. Vejam:
    - São Paulo ensina que a Igreja é corpo de Cristo: "Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja" (Col 1,24)
    - São Paulo ensina que somos membros do corpo de Cristo e por isto os cristãos estamos ligados uns aos outros: "assim nós, embora sejamos muitos, formamos um só corpo em Cristo, e cada um de nós é membro um do outro" (Rom 12,5)
    - São Paulo ensina que Cristo é a cabeça do seu corpo que é a Igreja: "Ele é a Cabeça do corpo, da Igreja" (Col 1,18)
    Isso quer dizer que nós e os santos (que estão na presença de Deus) estamos ligados, pois somos membros de um mesmo corpo, o corpo de Cristo, que é a Igreja.
    Assim como minha mão direita não pode se comunicar com a esquerda sem que esse comando tenha sido coordenado pela minha cabeça (caso contrário seria um movimento involuntário), da mesma forma, no Corpo de Cristo os membros não podem se comunicar sem que essa comunicação aconteça através da cabeça que é Cristo. Desta forma, quando nós pedimos para que os santos intercedam por nós junto a Deus (comunicação de um membro com o outro no corpo de Cristo), isso acontece através de Cristo. Assim como a nossa cabeça pode coordenar movimentos simultâneos entre os vários membros de nosso corpo, Cristo que é a cabeça da Igreja e é onisciente e onipresente possibilita a comunicação entre os membros do Seu corpo.
    Portanto, a falta de onipresença e onisciência dos santos não apresenta qualquer impedimento para que eles conheçam ou recebam nossos pedidos e então possam interceder por nós junto a Deus.

4a objeção: nós não podemos dirigir nossa orações aos santos pois isto caracteriza evocação dos mortos que é severamente proibida na Bíblia.
    Esta objeção baseia-se principalmente nos versículos abaixo:
  "Não se ache no meio de ti quem pratique a adivinhação, o sortilégio, a magia, o espiritismo, a evocação dos mortos: porque todo homem que fizer tais coisas constitui uma abominação para o Senhor" (Dt 18, 9-14) (grifos nossos).
  "Se uma pessoa recorrer aos espíritos, adivinhos, para andar atrás deles, voltarei minha face contra essa pessoa e a exterminarei do meio do meu povo. (...) Qualquer mulher ou homem que evocar espíritos, será punido de morte" (Lev 20, 6 - 27). (grifos nossos).
    Conforme vimos, Deus abomina a evocação dos mortos. No entanto, há uma diferença tremenda entre evocar os mortos e dirigir nossos pedidos de orações aos santos.
    A evocação dos mortos é caracterizada pelo pedido de que o espírito do defunto se apresente e então se comunique com os vivos como se ainda estivesse na terra. Esta prática é condenada por Deus, pois em vez de confiarmos na Providência Divina quanto ao futuro e às coisas que necessitamos, deseja-se confiar nas instruções dos espíritos. Conforme a Sagrada Escritura dá testemunho em I Samuel 28.
    Na intercessão dos santos, não estamos pedindo que o santo se apresente para "bater um papo" a fim obter qualquer tipo de informação, mas sim, dirigimos a eles nossos pedidos de oração, como se estivéssemos enviando uma carta solicitando algo (o que é bem diferente de evocar mortos). Na intercessão dos santos continuamos confiando na Providência Divina, pois os santos são apenas mediadores, logo, quem atende aos nossos pedidos é Deus.
   Desta forma, as proibições divinas quanto à prática de espiritismo não se aplicam à doutrina da intercessão dos santos.

5a objeção: não há sequer uma única referência bíblica em relação à intercessão dos santos
    Há diversos versículos bíblicos que mostram que os santos oram na presença de Deus. Vejamos:
  "Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos homens imolados por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho de que eram depositários.  E clamavam em alta voz, dizendo: Até quando tu, que és o Senhor, o Santo, o Verdadeiro, ficarás sem fazer justiça e sem vingar o nosso sangue contra os habitantes da terra?  Foi então dada a cada um deles uma veste branca, e foi-lhes dito que aguardassem ainda um pouco, até que se completasse o número dos companheiros de serviço e irmãos que estavam com eles para ser mortos" (Ap 6,9-11).
    No trecho acima, os santos estão clamando a Deus por Justiça. Alguém poderia dizer: "mas eles estão intercedendo por eles mesmos e não pelos que ficaram na terra." Ora, e o que impede que o façam pelos que estão na terra? São Paulo mesmo não recomenda que oremos pelos outros? (cf. 1Tm 2,1). Por alguma razão estariam os santos incapazes de continuarem orando pelos que estão na terra? Ora, alguém que esteja no seu juízo perfeito, há de convir que, o fato dos santos estarem na presença de Deus, não é motivo impeditivo para que intercedam pelos outros, muito pelo contrário, não há melhor lugar e momento para fazê-lo. Veja ainda:
   "Os quatro viventes e os vinte e quatro anciões se prostraram diante do Cordeiro. Tinha cada um uma cítara e taças de ouro cheias de perfumes, que são as orações dos santos" (Ap 5,8). "A fumaça dos perfumes subiu da mão do anjo com as orações dos santos, diante de Deus." (Ap 8,4).
    Nos versículos acima os santos oram para Deus. Por que estariam orando, já que estão salvos e gozando da presença do Senhor? Oram em nosso favor, para que os que estão na terra também possam um dia estar com eles na presença do Senhor.
    No livro do profeta Jeremias lemos:
  "Disse-me, então, o Senhor: Mesmo que Moisés e Samuel se apresentassem diante de mim, meu coração não se voltaria para esse povo. Expulsai-o para longe de minha presença! Que se afaste de mim!" (Jr 15,1).
    No tempo do profeta, ambos Moisés e Samuel estavam mortos. Que sentido teria este versículo caso não fosse possível que os dois intercedessem por Israel?

Fonte: http://www.veritatis.com.br/apologetica/imagens-santos/555-a-intercessao-dos-santos

Colaboração:
Obderan Bispo dos Santos

domingo, 20 de outubro de 2013

A Intercessão dos Santos - Parte I

    Desde os tempos apostólicos a Igreja ensina que os que morreram na amizade do Senhor, não só podem como estão orando pela salvação daqueles que ainda se encontram na terra. Tal conceito é conhecido como a intercessão dos santos.




A Doutrina
    Sobre a doutrina da intercessão dos santos, o Catecismo da Igreja Católica ensina:
    "Pelo fato que os do céu estão mais intimamente unidos com Cristo, consolidam mais firmemente a toda a Igreja na santidade... Não deixam de interceder por nós ante o Pai. Apresentam por meio do único Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, os méritos que adquiriram na terra... Sua solicitude fraterna ajuda, pois, muito a nossa debilidade." (CIC 956)
    Por tanto para a Igreja Católica, os santos intercedem por nós junto ao Pai, não pelos seus méritos, mas pelos méritos de Cristo Nosso Senhor, o único Mediador entre Deus e os homens.

Objeções
    Os adeptos do fundamentalismo bíblico normalmente apresentam uma série de objeções à doutrina da intercessão dos santos. Neste artigo iremos confrontar as principais:

1a objeção: Cristo é o único mediador entre Deus e os homens.
    Esta é a principal objeção à doutrina da intercessão dos Santos. Os adeptos desta objeção fundamentam sua posição em 1 Tim 2,5 onde lemos: "Pois há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, um homem, Cristo Jesus". Para eles, a Sagrada Escritura não deixa dúvidas de que só Jesus pode interceder pelos homens junto a Deus.
    Se isto é verdade, por que São Paulo ensinaria que nós cristãos devemos dirigir orações a Deus em favor de outras pessoas? Vejam 1Tim 2,1: "Acima de tudo, recomendo que se façam súplicas, pedidos e intercessões, ações de graças por todos os homens, pelos reis e por todos os que estão constituídos em autoridade, para que possamos viver uma vida calma e tranquila, com toda a piedade e honestidade."
    No exposto acima não está São Paulo nos pedindo para que sejamos intercessores (mediadores) junto a Deus por todas as pessoas da terra. Estaria então o Santo apóstolo se contradizendo? É claro que não. A questão é que a natureza da mediação tratada no versículo 1 é diferente da do versículo 5.
    A mediação tratada em 1Tm 2,5 refere-se à Nova e Eterna Aliança. No AT a mediação entre Deus e os homens se dava através da prática da Lei. No NT, é Cristo que nos reconcilia com Deus, através de seu sacrifício na cruz. É neste sentido que Ele é nosso único mediador, pois foi somente através Dele que recuperamos para sempre a amizade com Deus, como bem foi exposto por São Paulo: "Assim como pela desobediência de um só homem foram todos constituídos pecadores, assim pela obediência de um só todos se tornarão justos."(Rom 5,19)
    Por tanto, a exclusividade da medição de Cristo refere-se à justificação dos homens. A mediação da intercessão dos santos é de outra natureza, referindo-se à providência de Deus em favor do nosso semelhante. Desta forma, o texto de 1Tm 2,5 dentro de seu contexto não oferece qualquer obstáculo à doutrina da intercessão dos santos.

2a objeção: os santos não podem interceder por que após a morte não há consciência
    Os defensores desta objeção usam como fundamento as palavras do Eclesiastes: "Com efeito, os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem mais nada; para eles não há mais recompensa, porque sua lembrança está esquecida" (Ecl. 9,5) e ainda "Tudo que tua mão encontra para fazer, faze-o com todas as tuas faculdades, pois que na região dos mortos, para onde vais, não há mais trabalho, nem ciência, nem inteligência, nem sabedoria" (Ecl. 9,10).
    Já que a Bíblia é um conjunto coeso de livros, não podemos aceitar a doutrina da "dormição" ou "inconsciência" dos mortos simplesmente pelo fato de que há versículos claros na Sagrada Escritura que mostram que os mortos não estão nem "dormindo" e nem "inconscientes" (cf. Is 14, 9-10; 1Pd 3,19; Mt 17,3; Ap 5,8; Ap 7,10; Ap 6,10); o que faria alguém pensar que há contradições na Bíblia.
    A questão é que os versículos citados do Eclesiastes não fazem referência a um estado mental dos mortos, mas sim ao infortúnio espiritual em que se encontram por causa do lugar onde estão. Os mortos os quais os textos se referem são aqueles que morreram na inimizade de Deus, e não a qualquer pessoa que morreu. Vejamos os versículos abaixo:
    "Ignora ele que ali há sombras e que os convidados [da senhora Loucura] jazem nas profundezas da região dos mortos" (Prov 9,18)
    "O sábio escala o caminho da vida, para evitar a descida à morada dos mortos" (Prov 15,24)
    Os versículos acima mostram que a região dos mortos é um lugar de desgraça, onde são encaminhados os inimigos de Deus. Isto é ainda mais evidente em Prov 15,24. O sábio é aquele que guarda a ciência de Deus, este quando morrer não vai para a "morada dos mortos. As expressões "morada dos mortos" ou "região dos mortos" fazem alusão a um lugar de desgraça, onde os inimigos de Deus estão privados da Sua Graça.
    Voltando aos versículos do Eclesiastes, o escritor sagrado ao escrever que para os mortos "não há mais recompensa", "não há mais trabalho, nem ciência, nem inteligência, nem sabedoria", refere-se unicamente ao infortúnio que existe na região dos mortos, para onde eles vão. Eles quem? Os que estão mortos para Deus.
    Portanto, dentro de seu contexto, os versículos do Eclesiastes também não oferecem qualquer imposição à doutrina da intercessão dos santos.

Fonte: http://www.veritatis.com.br/apologetica/imagens-santos/555-a-intercessao-dos-santos

Colaboração:
Obderan Bispo dos Santos

domingo, 13 de outubro de 2013

Por que ler os Evangelhos bíblicos?

    A Bíblia é palavra inspirada. É Deus que se revela aos homens. E em contrapartida, é necessária a fé de quem a lê. É preciso a adesão da fé para que essa palavra produza frutos na vida de quem se debruça sobre a Palavra de Deus e acredita na ação divina. E para que esta fé exista é preciso contar com o auxílio do Espírito Santo que nos direciona a Deus e nos dá o entendimento necessário para aceitar e crer na Revelação.



    Já nos ensinou São Jerônimo: "Ignorar as Escrituras é ignorar Cristo". Não podemos ignorar Jesus. Temos que contar com o Espírito Santo que nos conduz na leitura da Sagrada Escritura e nos põe no caminho do Cristo. Ler e acreditar na Sagrada Escritura é caminhar com Ele, é ouvir o Seu convite:"Vem e segue-me!"

    Daí a importância de lermos a Sagrada Escritura, em especial os Evangelhos. Toda a Bíblia é Revelação de Deus. O Antigo Testamento e o Novo Testamento possuem a mesma importância, mas os Evangelhos têm um lugar de excelência, pois ali se encontra a vida de Jesus e todos os outros livros se convergem para o centro que é o Cristo.

 Orienta-nos a Dei Verbum, Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina:Ninguém ignora que entre todas as Escrituras, mesmo do Novo Testamento, os Evangelhos têm o primeiro lugar, enquanto são o principal testemunho da vida e doutrina do Verbo encarnado, nosso salvador.

    É preciso ler todos os livros da Bíblia, entendendo que tudo converge para Jesus. E quando lemos os quatro Evangelhos não é diferente. É importante ler estes livros para percebermos vários aspectos da vida de Jesus. Os quatro Evangelhos se completam. Cada um possui suas características próprias e vistos em conjunto nos ajudam a conhecer e seguir Jesus.

    O Evangelho segundo São Marcos, por exemplo, quer nos apresentar a pessoa de Jesus. Precisamos conhecê-Lo, pois decidimos segui-Lo. Com o Evangelho de São Mateus, considerado o mais catequético dos quatro, aprendemos ensinamentos de Jesus, pois só é possível segui-Lo se soubermos como escolher o Seu caminho nas situações da vida. O Evangelista São Lucas nos apresenta a universalidade da mensagem de Cristo. É para todos! E somos chamados a anunciar essa mensagem a todos. E por fim, o Evangelho segundo São João, que possui uma literatura mais simbólica, pois nos propõe a fé nos mistérios de Jesus, que é Deus.



    Conhecer Jesus, saber seus ensinamentos, levar a mensagem de salvação aos outros e experimentar fé nos mistérios divinos, eis alguns dos motivos pelos quais devemos ler e estudar os Evangelhos. Além disso, nos permitir compreender que Jesus é o centro da Sagrada Escritura, e assim ler cada um dos outros livros da Bíblia com suas características próprias e relacionando-os com os demais [livros bíblicos], é um bom caminho para aceitar o convite da Igreja de que nos debrucemos gostosamente sobre o texto sagrado (Dei Verbum), ou seja, sintamos seu sabor, seu gosto na nossa vida.


Denis Duarte é especialista em Bíblia e Cientista da Religião.


Colaboração:
Edla Monteiro Andrade

domingo, 6 de outubro de 2013

Ensinamento da Palavra - A intimidade que transforma a nossa vida

     Às vezes no nosso cotidiano encontramos pessoas que chamam a nossa atenção, mas não porque se vestem de um modo diferente ou algo do tipo, e sem falar muito, nem fazer muita coisa, elas simplesmente passam por nós e trazem amor e paz ao nosso coração. O segredo delas é esse: são reflexo do Amor de Deus e O levam para onde vão.
    Dessa mesma forma era Moisés, como poderemos perceber na passagem que vamos meditar hoje. Mas antes, peça ao Espírito Santo que venha te preencher nesse momento e que não deixe seu pensamento se desviar durante a reflexão. Peço que pegue sua Bíblia em Ex 34, 29-35 e leia atentamente cada versículo, deixando que Ele fale ao seu coração.
    A passagem parece muito simples, mas nos traz alguns ensinamentos importantes. Primeiramente, no versículo anterior a esse trecho vamos entender o motivo pelo qual o rosto de Moisés tinha se tornado brilhante, ele estava na presença do Senhor por quarenta dias, ou seja, esse brilho que irradiava do seu rosto era o brilho do próprio Deus que ele estava refletindo. Já podemos levar essa reflexão conosco: como é importante estar na presença do Senhor e deixar que essa intimidade transforme não só as nossas características físicas, mas principalmente o nosso coração.
   É interessante perceber também que Moisés logo que terminava de falar com o Senhor, ia ao povo anunciar a vontade de Deus e depois colocava um véu no próprio rosto, não para esconder o brilho do Senhor, mas porque se ele ficasse todo o tempo com o rosto descoberto, chamaria a atenção para ele, e não para Deus. Que possamos aprender com Moisés a nos colocar verdadeiramente na presença do Senhor, escutando-O e fazendo a Sua vontade e depois disso, coloquemos um “véu” sobre nós mesmos e deixemos que Ele realize a Sua obra.



Que a Palavra do Senhor seja o caminho para permanecermos junto ao Pai!!!


Colaboração:
Emílio Júnior