“O mundo de hoje não necessita de um novo Evangelho, mas de uma nova
evangelização com o poder do Espírito Santo.“
Estas
palavras foram extraídas do livro “Jesus é o Messias” do Pe. Emiliano Tardif e
José H. Prado Flores. Livro o qual me impulsionou a presente meditação.
Como
anunciar o Evangelho em um mundo moderno materialmente e ao mesmo tempo tão
carente espiritualmente? Em um mundo onde as pessoas têm cada vez mais
desistido de trilhar pelos caminhos da verdade. Verdade que tem sido ofuscada
pelas cegueiras causadas pelo pecado que nos afastam de Deus. Quantos não têm
por aí que pensam “quanta balela ouvir pregações e sermões que dizem sempre a
mesma coisa. Quanta perda de tempo, o bom mesmo é aproveitar a vida!”
Meus
irmãos, como atrair a atenção de pessoas assim para o anúncio do Evangelho se
há tantas seduções mais atraentes ao ser humano na face da terra? Como alcançar
uma juventude tão dispersa e aliciada por tantas dissimulações de felicidade?
Por tantas fraudes de amor? Como enfrentar um inimigo com tantas armas
espalhadas pelas ruas, pela tecnologia, pelas drogas, pela promiscuidade, pela
concupiscência e tantos outros vícios?
A
Palavra de Deus é a mesma ontem, hoje e sempre, mas as pessoas querem mais, estão
insaciáveis, mas buscam satisfazer-se com o que há de mais superficial, com o
momentâneo, buscam a variação de estilos e a metamorfose de tudo em volta. É
muito mais encantador viver os prazeres da carne do que ficar ouvindo sobre
salvação da alma. Certo? Errado!
A
criatura/obra só se concluí quando acolhe a vontade de seu criador. O ser
humano é saciável sim, mas de um alimento muito mais profundo do que ele é
capaz de compreender. Deus.
Quem
disse que ser cristão é “caretisse”? Quem disse que ser Igreja é ser velho,
retrógrado? Ser radical é fazer diferente, é ser diferente, não é moleza muito
menos “mesmisse”. Que o digam aqueles que assumiram o desafio de evangelizar,
estes sim sabem bem a aventura que se meteram.
Sim,
mas então como evangelizar os jovens de hoje? Como tornar vivo o Evangelho se
tem tantas armadilhas espalhadas no mundo que o fazem se tornar “morto”?
Tem
pessoas que creem que a solução é apresentar um novo Cristo, um novo Evangelho
para ver se chama à atenção por sua contemporaneidade. É para rir. Veja o que
diz São Paulo:
“ainda que nós mesmos ou um anjo do céu
vos pregasse outro Evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema. Como
antes temos dito, assim agora novamente o digo: Se alguém vos pregar outro
evangelho além do que já recebestes, seja anátema”. (Gl 1, 8-9)
Assim,
volto então à afirmação introdutória desta meditação: “o mundo de hoje não
necessita de um novo Evangelho, mas de uma nova evangelização com o poder do
Espírito Santo”.
Precisamos como evangelizadores assumir o desafio
de uma evangelização nova. O hoje beato João Paulo II nos ensina três aspectos
nos quais a evangelização deve ser nova: nova em seu ardor, nova em seus
métodos e nova em sua expressão.
Notemos que não é nova em seu conteúdo, pois não
existe outro Evangelho senão o anunciado pelo próprio Jesus e repetido pelos
apóstolos.
Como ministros
da pregação, anunciadores da Boa Nova precisamos arder pelo Evangelho! Que haja
um fogo aceso em nós como em Jeremias, que nos impulsione a evangelizar a tempo
e contratempo.
Nova
em seus métodos. O método é o caminho pedagógico para anunciar o Evangelho.
Temos assim o Querigma e a Catequese. O Querigma é o Primeiro Anúncio,
proclamar Jesus Vivo, Senhor, Salvador e Messias! Vejamos algumas pregações
querigmáticas dos apóstolos. (Ato 2, 14-39; 3,12-26; 4,9-12; 5,29-32;
13,16-41). Não se fala, pois, de uma doutrina ou algo parecido, mas de uma
pessoa, de Jesus Cristo!
A
catequese deve vir por acompanhamento para dar abundantes frutos do anúncio
querigmático, deve vir, portanto, sempre depois do Querigma para que a fé
cresça e haja a conversão dos pecadores. Não pode ser mera informação teológica
ou doutrinaria, é necessário que o Espírito Santo forme a imagem de Cristo em
nós. Não podemos construir uma fé sem a devida solidez e isso só é possível com
a devida formação.
Por
fim, uma evangelização nova em sua expressão. Para isso, devemos olhar
fixamente Jesus Cristo para aprender como Ele transmitia a Boa Nova da
salvação. Jesus sempre ensinou o Evangelho de maneira muito simples, próximo da
compreensão das pessoas, através de parábolas para facilitar o entendimento dos
menos doutrinados, através do conhecimento da Palavra nos discursos com sumos
sacerdotes e intelectuais da época.
Jesus
é testemunho, é Palavra Viva! Testemunhar é viver a Palavra de Deus. Testemunho
e anúncio da Palavra devem andar juntos, eis a verdadeira expressão.
Com
toda essa reflexão, não podemos ficar esperando que as pessoas venham até nós,
devemos buscar novas formas de pregar o Evangelho e não esperarmos um novo Evangelho.
Devemos nos inquietar com a tibieza espiritual que aflige as pessoas e as cegueiras
que têm afastado o homem de Deus. Não podemos ficar inertes ou indiferentes.
Coloquemos
mochilas nas costas, cajado na mão, força na voz e vamos à uma missão
evangelizadora nova. Como escreveu Pe. Emiliano, “não basta pregarmos como
sempre fizemos, é necessário mais”. Anunciar todo o Evangelho para todas as
criaturas!
Por Obderan